28 de maio de 2012

Quarta-feira caótica: culpa de quem?

Na última quarta-feira (23), tivemos mais uma dessas rebeldias que estão acontecendo de forma cada vez mais frequente em nosso país, que é a greve. Detalhe é que esse tipo de ação começou a se manisfestar principalmente em funcionários públicos (e também em empresas de serviços básicos para uma grande cidade), sendo que muitas vezes essas greves prejudicam, e muito, no desenvolvimento da nossa metrópole, que está cada vez mais movimentada. O que aconteceu a uns dias atrás não foi muito diferente, e acabou atrapalhando o transporte de muita gente.


Os conflitos envolvendo os funcionários do metrô e a sua respectiva empresa já não são novas, vendo que já houve outras greves, como a de 2007. Mas o acontecimento determinante para o começo de toda a revolta foi o choque entre dois trens do metrô na linha vermelha, que ocorrera uma semana antes da greve (16). O acidente, apesar de ter ocorrido em baixa velocidade, causou diversos feridos, e alguns até graves.
Vendo que já havia acontecido episódios anteriores de acidentes como esse no metrô e na CPTM, houve uma reação do sindicato dos metroviários, que se aproveitou da situação para propor uma greve geral em São Paulo. O problema, segundo o sindicato, acabou sendo mecânica, pois como o sistema de "ir e parar" é automático, o maquinista não poderia ter nenhuma culpa do ocorrido, tanto que ele foi o responsável por ter rápidas reações e ter puxado o freio.

Local onde o sindicato se reuniu

Cheios da opressão, o sindicato na terça-feira (22) discutiu muito, numa noite de suspense, para saber se haveria alguma manifestação ou não. No final, uma decisão: parar com o metrô em São Paulo e reivindicar salários que, segundo eles, teriam que ser reajustados para um valor mais justo e realista. Por ter decidido tardeamente, muitos nem ao menos sabiam da possibilidade de haver uma paralisação desse meio de transporte tão importante em nossa metrópole. No meu caso, já sabia da reunião do sindicato, mas até chegar quarta ainda não sabia qual seria a decisão dos metroviários.
Assim chegou quarta-feira, e os duros trabalhadores de São Paulo vão às ruas à caminho de seu trabalho logo de manhã. Os que usam ônibus, já percebem algo estranho: a falta e superlotação de ônibus, ou em outras palavras, vinha poucos ônibus, mas todos cheios. A situação extrema acabou sendo obviamente nas zonas de maior movimentação, como a zona leste e norte, onde para se pegar um simples ônibus se esperava numa enorme fila por até horas, ainda em pé. Já a situação dos que usam carros também foi sofrida: vias congestionadas, sem espaço para quase nenhum carro, e quase nenhuma movimentação dos veículos. O estresse e pressa em chegar ao destino foi inimiga da perfeição (no caso segurança), pois acontecia de um carro de movimentar um pouco para frente, mas o de trás (o estressado) acelerar demais e dar uma ralada no outro. O resultado não poderia ser outro além do batimento do recorde de congestionamento anterior. E para terminar, o mais óbvio, os que usam o metrô: viram portas fechadas e placas falando "Vamos parar com esse sufoco.", "Estamos em greve.". O pior foi a reação de quem viu isso, que deu em muita indignação dos usuários, sendo que muitos que só saberiam da greve na hora que viram as portas fechadas, dando em um grande bate boca com os funcionários (que estavam dentro dos portões) e até violência, como a tentativa de derrubar os portões do povo indignado. Aqui dramatizei a situação, reunindo os piores fatos que aconteceram nesse dia, mas eu quis dar um reflexo da situação que muitos viveram logo no começo desse dia.


Muitos conseguiram chegar nos seus destinos, mas com um claro e absurdo atraso. Eu por exemplo evitei de ir ao cursinho nesse dia, tanto que ao passar em frente ao portão do metrô logo vi os portões fechados, e muitos lamentando a sua falta no trabalho.
O dia parecia ainda estar no começo de todo o sofrimento, levando em conta que ainda haveria a volta dos trabalhadores às suas moradias. Mas felizmente todo o cenário parecia estar se revertendo: após pensar nas negociações dos novos salários, o sindicato aceitou a nova proposta e decidiu voltar ao trabalho no mesmo dia de quarta-feira. Assim, muitos saíram um pouco do sufoco que já tinham sofrido de manhã, apesar de voltarem ainda em trens cheios. Uma razão para haver uma lotação nesses trens foi a falta de compromisso dos metroviários em oferecer um funcionamento de 100% na tarde do dia 23.
Mas será que toda essa mediocridade poderia ser evitada? Para mim, sim. Tudo começa com a falta de compromisso do Metrô em oferecer salários de acordo com a inflação, num país onde o custo de vida é alto para o que oferece. Tente pensar apenas no faturamento diário dos metrôs: mais de 1 milhão de pessoas todos os dias andam de metrô e pagam o equivalente a 3 reais por viagem. Nem preciso dizer que 1 milhão é bastante inferior ao real, mas é apenas para dar uma ideia do que é arrecadado por dia. Depois, uma série (ou apenas um) acontecimentos de acidentes deu aos metroviários uma forma de denunciar as suas condições e assim eles se aproveitaram disso para melhorar as suas condições de vida pelo menos em seus salários. Em protesto, apelaram para a greve para poderem ganhar o que queriam, mas como sempre, o "consumidor final" é sempre o que se ferra.


Concluindo, a greve foi um jeito muito apelativo para fazer os grevistas ganhar o que queriam, mas ao invés de lesarem os seus superiores, os dependentes do transporte público foram os afetados, além do "efeito dominó" em grande parte da cidade de São Paulo. Espero que casos como esse sejam evitados o máximo possível, mas também devemos ver que o Governo tem culpa pelo todo o acontecimento.

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