16 de junho de 2012

Preston Tucker: A indústria contra os revolucionários (atualizado)

Preston Tucker foi um grande visionário industrial americano, assim como dizem que Steve Jobs foi também um excelente visionário na parte tecnológica. Agora conto um pouco da curiosa, mas geniosa vida que Tucker teve, mas acabou impedido por diversas burocracias.

O começo de um sonho
Desde o começo da sua carreira como vendedor de carros, Preston já mostrava um certo dom para o empreendedorismo. Chegou a ter importantes cargos, como o de diretor na Pierce-Arrow, além de ter depois uma companhia com o seu próprio nome: a Tucker Aviation Corporation, por volta de 1940.
Por ser destinada a 2ª Guerra Mundial, a empresa não durou muito, e logo após a guerra, Tucker tentou usar seus conhecimentos anteriores de aeronática num projeto, que seria um dos seus maiores sonhos na vida: construir um carros dos sonhos, ou seja, que para ele fosse aerodinâmico, altamente seguro, veloz e com estilo bastante futurista, lembrando novamente que o sonho dele era de uma época bastante antiga, onde por exemplo, não havia sequer investimentos das outras montadoras na parte de segurança, algo que Tucker levou muito à sério. Ele apenas não sonhou o tal carro que tanto queria, como conseguiu fazer o carro, nascendo daí o Tucker Torpedo. Mas lembro que esse projeto durou cerca de 15 anos, ou seja, era um sonho ainda mais antigo, começando um pouco antes do começo da Tucker Aviation Corporation.
O clima de vitória dos EUA no pós-Guerra fez com que os consumidores procurassem veículos diferenciados, produtos de design cada vez mais futuristas, tudo para deixarem o passado para trás e entrarem para o futuro que parecia ser tão "glorioso". Felizmente para o nosso personagem, os primeiros protótipos e o bom marketing pareciam estar dando bons resultados. Depois da divulgação do projeto, cerca de 300.000 pessoas encomendaram o seu Tucker Torpedo, ou Tucker '48 (pois a palavra "Torpedo" fazia alusão à guerra). Com tantas encomendas, Preston conseguiu um bom investimento da bolsa de valores, 28 milhões de dólares, suficiente para alimentar o seu pretensioso projeto. Mas o que fazia desse carro um produto de destaque? 
Como citado, Tucker se preocupava muito com a segurança dos passageiros, tanto que criou várias inovações realmente impressionantes. As maçanetas internas do veículo ficavam para dentro das portas para evitar que seus ocupantes se machucassem em caso de acidente. O interior do carro era todo acolchoado, inclusive o painel, e o retrovisor interno, era feito de plástico flexível. Um terceiro farol dianteiro foi adicionado para acompanhar a trajetória do veículo, fazendo com que ele se movesse junto com o volante, dando uma boa iluminação.

Detalhes curiosos faziam parte do Tucker
O Tucker Torpedo também tinha um sistema de suspensão independente, freios a disco nas quatro rodas e era um carro com motor de 6 cilindros horizontais de 5,8 litro (9,6 litros na primeira versão), o mesmo usado no helicóptero Bell, dotado de uma potência de 150cv, capaz de atingir 190 km/h. Os cilindros do Torpedo, em 1947, impressionantemente já eram alimentados por injeção de gasolina! Enfim, o Tucker Torpedo seria o carro dos sonhos de todos os americanos, por um preço bastante convidativo que muitos poderiam pagar: apenas US$ 2.450,00.
Até aí, a trajetória desse carro que prometia abalar os concorrentes parecia boa. Até aí.
Infelizmente, as montadoras (principalmente as predominantes) não gostaram nenhum pouco da notícia sobre o sucesso da Tucker Corpotation (nome da empresa), e logo pensaram num modo de "aniquilar" o visionário. Uma grande conspiração foi feita, alegando principalmente grandes fraudes por parte da empresa. Muitos anúncios agressivos e contrários foram publicados, manchando de vez o histórico do novato. Logo foi julgado pelos tais processos fraudulentos, e felizmente conseguiu se livrar dos processos e assim absolvido, mas até aí ele acabou expulso da empresa e apenas 51 carros de produção foram feitos. Para se ter uma ideia, os 47 carros remanescentes são carros de colecionadores e valem um bom dinheiro.
Depois, saiu do cenário norte-americano para vir ao Brasil, pois segundo boatos, havia um médico hospedado em nosso país que estaria tentando curar um câncer que estaria atrapalhando a vida de Tucker. Com outro ambicioso projeto de um veículo igualmente revolucionário como o Tucker (tanto que chegaria a usar diversos componentes compartilhados a fim de reduzir custos), mas com visual ainda mais esportivo e com outras modificações. Tentou chamar acionistas ao anunciar sua nova empreitada, mas sem sucesso. O fim de sua história é um tanto trágica, com a sua morte em 1956, causado por um câncer.

Possível carro de Tucker que seria desenvolvido aqui, com o nome "Carioca"
Aqui, acabo de contar a história de um grande inventor, inovador no seu projeto e esperto até para sair das piores enrascadas. Foi alguém que conseguiu realizar diversas inovações em seu produto que estariam para mudar o rumo do mercado automotivo, mas levou um "chute na bunda" dos concorrentes, que o desprezaram. Uma história parecida seria a com o do iPhone, mas claro, não houve tentativas de derrubar o produto do comércio, tanto que também criaria uma revolução na nova onda de smartphones, algo que acredito que poderia ter ocorrido mesmo em momentos tão distantes como o pós-guerra.
Infelizmente o mercado sempre visa o lucro, e uma mudança de tecnologias que um concorrente faz, sempre deixa os outros em desvantagem, o que teoricamente obrigaria ao resto a se adaptar à revolução. Talvez esse fosse um dos maiores medos da concorrência, que estava desesperada em recuperar o seu mercado logo após o cenário de guerra, o que derrubou Preston Tucker de seu maior sonho.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Powered By Blogger